sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Animais na Ciência





Na questão dos testes e experimentos com animais em laboratórios, na maioria dos casos estes não representam benefícios ao homem. Adotados em áreas como a psicologia, as pesquisas militares e a indústria de produtos que vão desde medicamentos até cosméticos, produtos de limpeza, velas e canetas. “É enorme o risco de se extrapolar de uma espécie a outra os resultados de experimentos científicos. Substâncias liberadas após se mostrarem inofensivas aos animais foram muitas vezes catastróficas para os seres humanos”. – diz Adriana Lisboa. Isto sem falar na exposição a atos de crueldade extremos sob a desculpa de que estão sendo realizadas experiências que seriam úteis para os humanos.

Em seu livro “Libertação Animal”, Peter Singer cita experiências que foram realizadas em décadas passadas no Instituto de Radiobiologia das Forças Armadas dos EUA, em que macacos do gênero Rhesus eram forçados a correr dentro de uma grande roda. Quando eles reduziam a velocidade, a roda fazia o mesmo e os macacos levavam choques elétricos. Quando os macacos já estavam treinados para correr por longos períodos recebiam doses letais de radiação, e então, sentindo-se mal e vomitando, eram obrigados a continuar correndo até cair. A suposta finalidade desta “experiência” era obter informações sobre a capacidade dos soldados de continuar lutando depois de um ataque nuclear.

Mais de 70 milhões de animais são usados em experimentos a cada ano só nos Estados Unidos. Uns poucos exemplos mais notórios da vivissecção podem ser esclarecedores para os menos informados (tirado do livro "Victims of Science" de R. Ryder):

- Psicólogos deram choques elétricos nos pés de 1042 ratos. Eles então experimentaram dar choques mais intensos, que causaram convulsões, através de eletrodos pontiagudos aplicados aos olhos dos animais ou através de prendedores aplicados às suas orelhas.

- Um grupo de 64 macacos foram induzidos à dependeria de drogas por injeção automática nas veias jugulares. Quando o abastecimento das drogas foi cortado abruptamente, observou-se que alguns dos macacos morreram em convulsões. Antes de morrerem, alguns dos macacos arrancaram todos os pelos
de seu corpo e arrancaram seus próprios dedos das mãos e dos pés à dentadas.

Outros casos clássicos, descritos no livro, remete-se a área da Psicologia (considerada uma das mais cruéis e evasivas). Em experimentos para se descrever as conseqüências da privação materna, pesquisadores tiveram a “fascinante idéia” de induzir macacos bebês à depressão “permitindo que se apegassem a mães de pano que podiam transformar-se em monstros”. O primeiro destes monstros foi uma macaca-mãe de pano que lançava ar comprimido de alta pressão, arrancando a pele do bebê, que se agarrava cada vez mais ao boneco de pano, porque um bebê com medo se agarra à mãe a todo custo. Logo após construíram outra mãe-monstro que se sacudia violentamente, chacoalhando a cabeça e os dentes do recém-nascido, que continuava a se agarrar ainda mais a "mãe". O terceiro monstro continha uma estrutura de arame dentro do corpo que se inclinava pra frente, jogando o bebê para longe de sua superfície ventral. Surpreendentemente o bebê levantava-se do chão, esperava a estrutura voltar ao corpo de pano e agarrava-se novamente a ela. Finalmente, construíram uma mãe porco-espinho, que lançava afiados espinhos de bronze de toda a superfície ventral de seu corpo. Embora os bebês ficassem desesperados com essa manifestação de repulsa, simplesmente esperavam até que os espinhos recuassem e então, mesmo machucados e sangrando, tornavam a agarrar-se à mãe. Como nesses experimentos não foram encontradas nenhuma psicopatia, desistiram das mães-monstros artificiais e eles decidiram "construir " uma mãe-macaco verdadeira que era um monstro. Para produzir essas mães, criaram macacas em isolamento, a base de torturas e eletrochoques e depois enprenharam-nas com técnicas de estupro. Produzindo assim psicopatologias nessas mães e em seus bebês que eram rejeitados devido ao alto estresse e depressão em que as mães se encontravam.e-monstro que se sacudia violentamente, chacoalhando a cabeça e os dentes do rec

A conclusão é a de que nestes e em muitos outros casos, os benefícios para os seres humanos são inexistentes ou incertos, ao passo que as perdas para os membros de outras espécies são concretas e inequívocas.

“Se os experimentadores não estiverem preparados para usar um bebê humano, o fato de estarem prontos para usar animais não-humanos revela uma forma injustificável de discriminação com base na espécie” – Peter Singer. Para muitos essa idéia é inviável e chocante, mas se usarmos um ponto de vista (necessário) ético, admitir os testes com animais só se explica pela ótica especista, pela idéia fixa de superioridade e de que os animais existem meramente para servir aos homens, corroborada por algumas das principais correntes filosóficas e religiosas do planeta. Em geral, diz Singer, esses testes são movidos pelo prestígio no meio cientifico, por prêmios, bolsas e publicações, pela disputa mercadológica das indústrias e pelo lobby das empresas que fornecem materiais e cobaias, muito mais do que pelo interesse no bem estar da humanidade.

“Como podem pessoas que não são sádicas passar a vida provocando depressão em macacos, esquentando cães até a morte, eletrocutando porcos, cegando coelhos, asfixiando patos, congelando lagostas vivas, enlouquecendo ratos ou viciando gatos em drogas? Como podem tirar o jaleco branco, lavar as mãos e ir para casa jantar com a família? – Peter Singer.

Por que é que condenamos tão fortemente a escravidão humana e junto a ela o sofrimento, a pobreza e as práticas culturais onde seres humanos são maltratados (a exemplo a extração do clitóris nas mulheres africanas), e nos mascaramos com tanta hipocrisia ao taparmos os olhos para situações e práticas culturais muito menos dignas e muito mais sofríveis por quais trilhões de animais passam todos os dias?


“Respeitar animais é o mesmo que respeitar os humanos. Pois quando um homem leva um animal aos porões da degradação (e somos bons nisso!), está se degradando junto. Torturamos animais por diversão, devoramos a carne macia de filhotes, exterminamos espécies inteiras sem uma ruga de compaixão. Somos os senhores do Universo, cada vez menores em nosso egoísmo imaturo. E com toda nossa prepotência “racional”, nos esquecemos de que somos tão animais quanto um jegue ou uma barata, um tigre ou um pardal”. – Dagomir Marquesi.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Vivissecção no Ensino



A vivissecção é o ato de dissecar um animal vivo com o propósito de realizar estudos de natureza anatomo-fisiológica. No seu sentido mais genérico, define-se como uma intervenção invasiva num organismo vivo, com motivações “científico-pedagógicas.”

Em Faculdades e Universidades de Biologia, Medicina, Medicina Veterinária, Psicologia, Odontologia, Enfermagem e áreas equivalentes, experiências em animais vivos (muitas vezes acarretando morte do mesmo) são comumente realizadas. Ela consiste em encaminhar animais vivos (entre eles, gatos, cachorros, ratos, anfíbios, galinhas, entre outros) para a sala da aula, onde são presos e contidos com anestesia (nem sempre adequadamente) para em seguida, com a presença do professor e alunos, serem abertos e estudados. Após a prática são mortos.

Essa prática no Brasil é hoje ainda muito duvidosa no que diz respeito a bases legais. De acordo com a lei 9.605/98 – artigo 32, praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos incorre em pena de detenção e multa, sendo que no §1º explicita que é incurso na mesma lei, experiências dolorosas ou cruéis em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos. A pena é até aumentada de um sexto a um terço se ocorrer a morte do animal. Porém são nessas últimas palavras, “quando existirem recursos alternativos”, que a lei se torna confusa, de múltiplas interpretações e impraticável, como diversas outras leis federais. Na verdade, da forma como estão elaboradas as leis ambientais, não servem para proteger os animais de maus-tratos pois não os define. Aliás, em muitos artigos a lei chega a dar suporte para esses maus-tratos, de forma institucionalizada. Como vimos através da lei de crimes ambientais é permitido qualquer forma de exploração (desde experimentos e morte), desde que amparado pelo órgão competente. Afinal, só é necessário dizer que as experiências conduzidas não eram cruéis nem dolorosas, ninguém pode provar que eram porque não existe
uma máquina que diga o que é a dor dos outros.

E o que é pior, animais não-humanos não podem ligar para a polícia, para a ambulância, processar alguém, chamar um advogado, convocar uma entrevista coletiva ou formar uma ONG. Infelizmente eles dependem exclusivamente daqueles entre nós, humanos, que escutamos seus gritos de desespero.

Se aos animais fossem destinados os mesmos cuidados eas mesmas preocupações éticas, os estudos nesses casos seriam iguais aos de Medicina humana; utilizando-se de residências médicas em hospitais, estudos de anatomia através de livros, filmes e “museus de órgãos”, etc. Cabe a pergunta aqui, da forma mais coloquial possível: Por que é que para estudar humanos não é preciso matá-los e para animais sim?
A resposta é simples. Em NENHUM desses casos a morte é uma necessidade. Na Europa e Estados Unidos, muitas faculdades de medicina não mais utilizam animais, nem mesmo nas matérias práticas como técnica cirúrgica e cirurgia, oferecendo substitutivos em todos os setores. Nos EUA, mais de 100 escolas de medicina (quase 70%), incluindo Harvard, não utilizam animais.

Na Inglaterra e Alemanha, a utilização de animais na educação médica foi abolida. Sendo que na Grã-Bretanha (Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda) é contra a lei estudantes de medicina praticarem cirurgia em animais. Note-se que os médicos britânicos são comprovadamente tão competentes quanto quaisquer outros.

Na Itália, entre 2000 e 2001 mais de um terço das universidades abandonaram a utilização de animais para fins didáticos.

No Brasil, a Faculdade de Medicina Veterinária da USP desde 2000 não utiliza animais vivos em aulas de técnica cirúrgica. Utiliza cadáveres especialmente preparados, de animais que tiveram morte natural em clínicas e hospitais veterinários. A preparação é feita a partir de substâncias que preservam a consistência do tecido como a de animal vivo.

Os alunos praticam cirurgias de castração em cães e gatos levados pelos proprietários que desejam esterilizar seus animais.

Hoje, já há milhares de recursos que substituem o uso didático de animais nas salas de aula. Nas matérias básicas que necessitam de observação, abstração e raciocínio, como a fisiologia, a farmacologia e a toxicologia, há substitutivos para todos os temas, não sendo necessária a utilização de animais. Ex. Simulação computadorizada e realidade virtual.
Nos procedimentos ortopédicos e outros que envolvem habilidades manipulativas ou psicomotoras há também alternativas. Ex. venopunção e cateterização.

Nas cirurgias, os alunos aprendem em cadáveres sua primeira intervenção, abordagem e técnica. Depois disso, podem aplicar as técnicas em animais vivos, que irão sobreviver à cirurgia e ter um pós-operatório.

Há estudos que demonstram a mesma competência e habilidade tanto nos estudantes que aprenderam utilizando os métodos tradicionais como nos que aprenderam utilizando os métodos alternativos. Há casos que demonstram melhor memorização com métodos alternativos, pois a atenção do aluno fica livre para o aprendizado e não é prejudicada pelo stress de estar provocando sofrimento a um animal.

Fora que particularmente eu acho preferível um profissional (seja ele médico, médico veterinário, psicólogo, farmacêutico, etc) com atitudes éticas e morais, onde sua sensibilidade não foi abalada, do que um profissional que se abstêm da ética e cultua a insensibilidade.

Se você, aluno de universidade em que se utiliza a vivissecção, for contra esse método de “ensino”, pode se recusar a não mais assistir as aulas. Mais e mais estudantes, em todo o mundo, estão alegando “objeção de consciência” e muitos deles já se formam sem utilizar a vivissecção.

No Brasil, também já existem estudantes que se recusam a praticar a vivissecção alegando objeção de consciência, protegidos pela Constituição Federal do Brasil, na parte dos Direitos e Garantias Fundamentais que no Capítulo I artigo 5º diz: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza garantindo aos brasileiros e estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança, e à propriedade, nos termos seguintes: VIII – ninguém será privado de direitos por motivos de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei.

Quem estiver interessado é só me escrever que os direcionarei melhor.

No próximo artigo trataremos sobre a vivissecção em pesquisas fora das universidades.


Fontes: http://www.abrigodosbichos.com.br/Forum/Topico130.htm

http://www.angelfire.com/ky2/lilih2/vivis.html


Vou deixar como complemento do texto, links de um documentário muito bom. Um documentário brasileiro feito pelo Instituto Nina Rosa, sobre o assunto. Ele se chama “Não Matarás”. Está dividido em 7 partes:

http://www.youtube.com/watch?v=wvyEbQa0-E0

http://www.youtube.com/watch?v=GhDXlDjXb1o

http://www.youtube.com/watch?v=xbFoEnETiWk

http://www.youtube.com/watch?v=yBFJgy_enMU

http://www.youtube.com/watch?v=YPFDJbXi0_g

http://www.youtube.com/watch?v=XgHHV3Cto_Y

http://www.youtube.com/watch?v=JK6uWHCYdkw


"Pergunte para os vivisseccionistas por quê eles experimentam em animais e eles responderão: "Por que os animais são como nós".

Pergunte aos vivissecionistas por quê é moralmente aceito experimentar em animais e eles responderão: "Por quê os animais não são como nós".

A experimentação animal apoia-se na contradição da lógica.

(Professor Chales R. Magel - 1920)


Especismo



Entrando em detalhes, o que seria o especismo? Quando pensamos em racismo sabemos que o mesmo é uma aversão a outras raças; sendo assim, analogicamente o especismo seria uma aversão a outras espécies. Refletindo sobre isso, sabemos também que o racismo é infundado e prepotente; um sentimento que levaram brancos a excluir qualquer tipo de respeito (entre eles utilizar-se da escravidão) pelos negros, por acreditarem que eram inferiores, físico e biologicamente. O especismo, portanto, seria um “racismo ampliado” por considerar as outras espécies inferiores à nossa, então sujeitas “legal e moralmente” a qualquer adversidade (desde aprisionamento, trabalho forçado, morte, etc) por nós. Mas, pergunta-se, como é possível que alguém perca seu tempo tratando de igualdade dos animais quando a verdadeira igualdade é negada a tantos seres humanos? A resposta é a que essa atitude (negar importância à discussão sobre direito dos animais) reflete um preconceito que é tão infundado quanto aquele que um dia fez brancos proprietários de escravos não considerar com a devida seriedade os interesses dos negros escravos.

Esse pensamento especista está enraizado na maioria esmagadora de nós, e em contrapartida, condeno-o e luto veemente contra ele. Cínara Nahra, professora do Departamento de Filosofia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e mestre na área de filosofia Moral e Política pela UFGRS tem uma opinião semelhante a respeito: “Seja qual for a natureza do ser, o valor moral exige que a dor e o sofrimento sejam levados em conta em termos de igualdade; e independente da raça, do sexo ou da espécie de quem as sofre, devem ser evitadas ou mitigadas”.

Obviamente animais humanos e não-humanos são diferentes (assim como homens e mulheres também são) físico e biologicamente, porém no campo ético devem ser tratados a partir dos mesmos princípios. Como sintetizou Jeremy Bentham, a questão sobre animais não é “Eles são capazes de raciocinar?”, nem “São capazes de falar?”, mas sim: “Eles são capazes de sofrer?”.

O modo como tratamos os animais não se compara nem de longe ao sofrimento que nós já infringimos a outros seres humanos.

“Em seu comportamento com os animais, todos os homens são piores que nazistas”. A frase é do escritor judeu Isaac Bashis Singer, citada no livro “Libertação Animal” de Peter Singer. Após estas postulações eu os convido a refletir, partindo da constatação de que a crueldade humana para com os animais se manifesta de formas variadas – na alimentação, experiências científicas, circos, zoológicos, touradas, brigas de galo, rodeios, na pesca expansiva e predatória, na exploração de peles e couro, para citar as mais comuns.

Ao decorrer do blog e do interesse e participação de vcs, vou postando aqui mais informações sobre o especismo em todas as suas áreas abrangentes, que citei.


Pra deixar mais claro o que é o especismo, foi criado esse documentário, que na minha opinião é o melhor filme já feito. Do diretor Shaun Monson e narrado pelo ator Americano Joaquim Phoenix (Gladiador), o filme foi possível cotado para o Oscar. Mas é lógico que, um documentário desses não iria por mexer diretamente com instituições milionárias.

Vale a pena assistir. Se Chama Earthlings (Terráqueos):


http://video.google.com/videoplay?docid=-239204330856039070